Sobre Lower Trestles Lower Trestles é o nome correto da onda que abrigará a próxima etapa do Ct. Fica bem no meio do caminho de 2 grandes cidades americanas muito conhecidas pelo Surf: Los Angeles e San Diego, porém há mais de 1 hora de carro de ambas.

Por não ter nenhuma cidade grande por perto, a sensação que se tem é de estar em um lugar isolado e até meio pacato. A própria onda fica em uma reserva ambiental que não permite a entrada de carros, então deve-se caminhar por uns 10 minutos em uma trilha, o que ajuda a ressaltar ainda mais essa impressão inicial.

Entretanto, conforme você vai andando pela trilha que chega à praia você vai percebendo que estava redondamente enganado. Muitos surfistas passarão por você em seus skates e bikes novos rumando a praia. E ao chegar à praia, bate aquele sentimento misto de “altas ondas” mas com um baita crowd!

Realmente Lower Trestles é uma onda excepcionalmente boa, mesmo para os padrões da Califórnia. Se não é a onda dos sonhos dos surfistas com tubos e linhas infinitas, ela é uma onda extremamente constante e que abre para os 2 lados sempre com uma parede íngreme perfeita para qualquer tipo de manobra. Para tentar definir bem a onda, eu pediria para você se lembrar do mar mais clássico (de manobras, ou seja, sem tubos) que pegou na sua vida no seu pico favorito de Surf no Brasil. Provavelmente um dia médio em Trestles é melhor.

Não se compara com Jbay ou qualquer pico da Indonésia em um bom dia, mas é uma onda perfeita para manobrar e para os prós executarem todo o seu arsenal de manobras. Por esse motivo, Trestles recebe surfistas de todos os cantos da Califórnia diariamente. Aí você deve estar perguntando, e o crowd é mesmo insuportável ou dá para pegar umas boas ondas ali no meio?

Depende. Nunca morei por lá, nem mesmo fiquei muitos dias para poder dar um parecer definitivo. A minha impressão como surfista comum razoavelmente experiente é que é bem complicado. Passei alguns dias por lá, mas tive o azar de ir bem na janela de espera do QS que rola em Trestles todos os anos. Por esse motivo, dividi o line-up com todos os moleques do QS treinando para o campeonato, fora os outros tantos bons surfistas da Califórnia.

O resultado foi que em 1 hora e meia eu não peguei nenhuma onda. Quando tentava ir para a esquerda sempre tinha um cara mais a minha direita na prioridade e quando eu tentava ir para a direita sempre tinha alguém mais à esquerda na preferência. Fiquei mais perdido que cego em tiroteio. Meio irritado, sai do mar e caí no pico vizinho que se chama Upper Trestles. Uma direita pior que Lower, mais gorda, entretanto com um crowd muito mais tranquilo. Lá consegui pegar algumas boas ondas. Caí em Upper nos dias seguintes.

Esses dias vi um vídeo do Medina em Trestles “atropelando” um outro surfista. Na verdade, é um vídeo do ano passado que gerou muita repercussão na época, e um ano depois foi ressuscitado. A maioria dos leitores da Stab que divulgou o vídeo acusam o Medina de ser muito fominha, agressivo, “cuzão” e etc.. Os poucos que defendem ele, normalmente os brasileiros, alegam que o outro surfista não deveria estar ali, que deveria ter remado para a espuma, etc..Veja o vídeo abaixo para saber do que estou falando.

Veja vídeo do Gabriel Medina aqui

O vídeo me trouxe essas lembranças de Trestles. O crowd é muito insano mesmo para os profissionais – e também por conta deles- que precisam treinar na onda antes dos campeonatos. Os nervos ficam a flor da pele e mesmo os profissionais podem cometer erros nesse ambiente. Concordo que o Medina foi no mínimo imprudente na manobra e que deveria conter um pouco seu ímpeto natural e evitar esse tipo de situação. Mas isso não é motivo para uma revista como a Stab estimular e fomentar o ódio dos gringos contra ele. Não foi o primeiro e nem será o último caso em Trestles desse tipo envolvendo surfistas profissionais. Não justifica tamanha crucificação! Stab, shame on you!

Aloha, Caio pronto falei Siqueira