Surftrip Africa do Sul

Acabei o último texto falando que a previsão das ondas para o dia seguinte era de subir. Realmente o mar reagiu, o vento continuou terral e tive um dia de altas ondas, água sempre gelada mas com Sol e pouco crowd.

Linhas paralelas de 1 metrão marchavam na série e a maioria do crowd parecia se contentar com as intermediárias. Fiz 2 quedas mais ou menos longas e peguei, ao menos, 10 ótimas ondas. No final do dia me bateu um cansaço absurdo e tive dificuldades para dormir com dores no corpo inteiro, mas imensamente satisfeito com o dia de altas ondas e Sol.

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No dia seguinte, eu sabia que o mar estaria pequeno, então acordei mais tarde, tomei o café da manhã com calma e peguei o carro em busca de uma onda chamada Lamberts (ou Yo Yo), que segundo um surfista local daqui fica maior que Elands. Na teoria estava tudo certo, em 40 minutos de carro eu estaria nesse pico.

Cheguei na cidade (vilarejo) de Lamberts Bay mas o que eu não poderia imaginar é que um super nevoeiro iria encobrir toda a costa, não se via mais do que alguns metros adiante. Como não conseguia ver as ondas da estrada, resolvi ir para um local que olhando no Google Maps tinha um recorte na praia, parecido com o que tem aqui em Elands. Parei o carro em um estacionamento, andei até a beira do mar e nada mais do que ondas de 20 centímetros na beira. Andei para a esquerda até uma espécie de porto de onde concluí que por ali não poderia ter boas ondas.

[caption id="attachment_708" align="aligncenter" width="764"]blog-ondas-frustracao-perservanca-nevoeiro Lamberts bay coberto por um nevoeiro sinistro[/caption]

Voltei para a cidade, que por sinal não me pareceu das mais acolhedoras. Era sábado e tinha muita gente na rua, e muitos me encaravam, percebendo que eu não era dali. Resolvi ir para o sul da cidade procurar a onda por lá. Passei por um bairro com casas melhores, de veraneio, e parei o carro pelo menos em dois pontos diferentes da praia, de onde eu via muitas pedras e nada de ondas boas.

Fui mais para o sul ainda, parei em um restaurante na frente de um Campsite e fiquei super otimista porque o cara que me passou a informação da onda falou para eu procurar pelo campsite. Andei um pouco para a esquerda da praia e nada, fui para o outro lado e mais nada de ondas. Nesse momento começou a bater um desanimo, misturado com sede e fome. Voltei para o carro, tentei dirigir um pouco para o norte, tentando achar alguma entrada para a praia que pudesse ter perdido e nada. Meio desorientado, comi uma banana, mas esqueci de trazer água, e rumei, com sede, mais ao sul ainda.

Nesse momento, finalmente vi um carro com pranchas parado em um ponto na estrada. Parei o carro e perguntei para o cara se ali era Lamberts. Ele disse que não, que era um beach break que quebrava perto da areia, e ele surfou umas “fechadeiras” de bodyboard. Perguntei para ele onde era Lamberts e ele disse que era só seguir a estrada para o norte que a estrada acabava na onda. Como já tinha feito esse caminho e não tinha encontrado a onda, tentei colher mais detalhes de como chegar, mas aparentemente para ele era muito simples. Talvez fosse mesmo, caso não houvesse a maldita neblina.

Parei em um restaurante na estrada que parecia uma fazenda e comi uma lula frita antes de chegar em Elands. Como o mar estava pequeno, não animei fazer o fim de tarde. Sem energias, dormi 2 horas até o jantar. Jantei e voltei para o quarto. Apesar de ter dormido a tarde, eu tinha sono e não demorei muito para dormir. Acordei algumas vezes no meio da noite com uma sensação estranha de frio nas pernas e calor no resto do corpo. Achei que poderia ser algum sintoma de desidratação porque bebi pouca água o dia todo, então resolvi beber um monte de água e consegui dormir até de manhã.

No dia seguinte acordei mais disposto e como as condições de ondas eram iguais ás do dia anterior, resolvi ir de novo atrás de Lamberts. Busquei mais informações na internet e pelo que eu pude perceber parecia que era em uma boca de rio, menos de 1 km para o Norte do ponto mais ao norte que havia ido ontem. Fui direto para lá e parei o carro na frente de um rio, com um Campsite atrás. Tinha quase certeza que estava no local certo dessa vez.

A mesma névoa persistia e não conseguia ver o mar. Fui andando para a esquerda porque vi um paredão de pedras onde achei que quebraria a onda. Tinha uma esquerda “rolando” mas muito pequena, por isso continuei andando e nada de ondas. Voltei em direção ao carro e quase chegando no carro, olhando na direção oposta da que eu tinha ido, vi 2 caras com pranchas e logo em seguida uma série altamente surfável entrando! Finalmente! Era ali e eu enfim iria surfar essa onda!

O formato do lineup era em A, ou seja, tinha uma esquerda e uma direita que quebravam suavemente sobre algumas pedras. Não tinha vento algum, então o mar estava muito liso, parecia um gel, e a cena toda devido ao nevoeiro parecia em branco e preto. Logo percebi que a direita estava muito gorda e fiquei mais na esquerda que as vezes engordava, as vezes emparedava.

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Aos poucos começaram a chegar vários longboards que acabaram por dominar o outside que quebrava uma onda muito gorda. Para pranchinha o inside estava melhor. Peguei algumas interessantes, mas nada de especial, exceto pelo fato, de eu finalmente estar no mar me divertindo de novo, na onda mais escondida que já peguei.

Aloha! Caio Perseverante Siqueira