blog-aula-mayhem

Abaixo, uma lição de pranchas e Surf com Matt Mayhem Biolos (shaper da Lost). Ele explica as diferenças entre as pranchas usadas no WCT e WQS, fala sobre a importância das manobras de borda no WCT e quais características nas pranchas podem ajudar a cravar a borda. Fala ainda sobre a responsabilidade de influenciar com inputs nas pranchas de Michael Rodrigues, Yago Dora e Griffin Colapinto.

Esse ano Matt Mayhem Biolos, fundador e shaper principal da Lost Surfboards tem 3 jovens talentos no time que saíram do QS e estão no CT: Michael Rodrigues, Griffin Colapinto e Yago Dora. Como um expert em pranchas e como alguém que vai fornecer centenas, talvez milhares de pranchas para os melhores surfistas em 2018, a Stab estava interessada em ouvir a opinião de Matts em alguns assuntos. *Entrevista traduzida do site do Stabmag (antes do Quiksilver Pro Snapper).

Stab: Parece que Michael Rodrigues está surfando com as Carbon Wraps o tempo todo. Qual percentual dos eventos do QS você acha que ele usou essas pranchas?

Matt Biolos: Provavelmente cerca de 50% do tempo seria uma premissa segura.

 Stab: E qual seria o quiver do Michael para a perna australiana no CT? Ainda muitas Carbon Wraps?

Matt Biolos: Eu mandei para Michael Rodrigues 18 pranchas para os 3 eventos da Austrália (Snnaper, Bells e Margaret). Dessas, apenas 2 são Carbon Wraps (5´8 Sub Drivers) e o resto são em PU (Pocket Rockets 5´9 e Drivers) e algumas Step Ups Whiplashes para Bells e Margaret.

michael-rodrigues

Stab: O quiver de Michael no CT é dferente do que ele usava no QS?

Matt Biolos: Sim. De maneira geral, o quiver para o CT é mais neutro, pesa um pouco mais e as pranchas são mais adequadas para controlar velocidade e executar manobras em ondas “power”. Já as pranchas do QS são mais leves, flutuam mais, são mais soltas e são desenvolvidas para gerar mais velocidade. Se você colocar uma pranchas do QS em Bells e Margaret ou mesmo Hossegor, você vai fazer manobras sem força e batidas no crítico ao invés de manobras de borda. E no CT você precisa surfar em 3 dimensões (cravando a borda também).

griffin-cola

Stab: Oooh, eu gostei desse termo: “ Surf em 3 dimensões”. Você pode explicar um pouco mais sobre isso?

 Matt Biolos: A fim de conseguir boas notas no CT, você precisa surfar “dentro” d´água, não no topo dela. Então se você pensar no oceano como um plano, suas bordas tem que atravessar esse plano e interagir com o outro lado. Quanto mais prancha você colocar embaixo d´água, melhor. Isso é um Surf em 3 dimensões.

Stab: Como você ajuda a atingir esse o Surf em 3D através do design das pranchas?

 Matt Biolos: Há muitas maneiras de fazer a prancha afundar um pouco na água. Você pode adicionar peso aumentando a densidade do bloco ou adicionando uma laminação extra. Você pode também mudar os contornos do fundo, aumentar o caimento das bordas, ajustar o volume, brincar com o concave, etc..

 Stab: E sobre o Rocker? As pranchas do CT tem mais Rocker?

 Matt Biolos: Porque as ondas do CT são mais cavadas, elas permitem mais Rocker de saída (na rabeta), mas não é algo que me tira muito o sono. Muito Rocker é ótimo em Restaurants, ou Supertubos em Portugal, mas quando você precisa aterrissar aéreos ou conectar sessões para conseguir pontos, é melhor ter uma prancha com um Rocker um pouco mais neutro.

post-michael

Stab: Me esclareça sobre volume. Você está fazendo essas pranchas menores, então elas podem submergir mais facilmente? Ou você as faz com mais volume para compensar em ondas grandes?

Matt Biolos: É ai que as coisas ficam interessantes. Se você estiver falando em Bells e Margaret – ondas mais fortes (ondas de mar aberto)- os profissionais acabam usando pranchas que são mais grossas no meio (e também tendo uma longarina mais forte), tanto para remar bem e para ajudar o surfista a ter drive no pé da frente. Mas mantemos as bordas baixas para facilitar que elas atravessem a água. Essencialmente, você consegue fazer a prancha com mais volume mas que seja mais fácil de submergir.

Stab: você dá muitos conselhos (inputs) no que sua equipe usa em termos de pranchas nesses eventos, ou eles já sabem exatamente o que querem e você apenas faz o shape?

Matt Biolos: Kolohe (e Dino) Andino já tem o programa deles muito bem definido e redondo, então eu sigo com isso. Mas para Yago ou Michael Rodriguez, que não tem tanta ideia do que vão encarar, eu tenho o controle criativo total de suas pranchas. Colocam muita confiança no meu trabalho.

Stab: E você se sente confortável com essa responsabilidade?

Matt Biolos: Sim, com certeza. Eu tenho feito isso por mais de 20 anos. Se você não é muito bom no que você tem feito nesse tempo todo, você deveria parar e começar a fazer corretagem de venda de imóveis como quase todos os outros babacas dessa cidade (risadas).

Satb: E como você acha que seu Rookies: Michael, Yago e Griffin vão desempenhar no CT esse ano?

Matt Biolos: Acho que Michael Rodriguez pode executar manobras super explosivas como qualquer outro pró. Yago já provou que pode vencer uma etapa do CT. E Griffin já mostrou nos últimos 6 a 8 meses que tem uma habilidade natural como ninguém. Então, eles todos vão ter highlights e eu acho que vai haver também uma curva de aprendizado.

E depois dessa semana em Snapper/Kirra, que Michael fez as quartas e Griffin a semi (conseguindo o primeiro e único 10), é seguro dizer que Mayhem estava certo sobre os “highlights” que seus “pupilos” vão proporcionar ao longo do ano.